quinta-feira, 30 de abril de 2009

Romance do sobrevivente (cordel de Guilherme de Faria)

Sou, amigos, paciente,
Digo mais: sobrevivente!
Escapei de peste vária
Como a da gripe aviária;
Não fui morar em Angola,
Escapei do surto ebola.

Driblei a Aids, isso sim,
Passei ao largo da dengue,
Mas resfriado, ai de mim,
Fiquei molinho e perrengue.
Continuei vivo contudo
E fui passear na Argentina,
Fui chamado de "boludo",
Vivo à custa de aspirina.

Mas dessa gripe suína
Na certa estou na mira
Minha máscara é muito fina,
A do vizinho é melhor
Antes que a gripe confira
Vou comprar uma maior.

Mas, Deus, estamos perdidos
Desde a expulsão do Éden
Fazendo tudo o que pedem
Os locutores sabidos
Que inventaram a roda
E comandam vida e moda
Para quem lhes der ouvidos...