quinta-feira, 5 de junho de 2008

ROMANCE DA FAUNA DA CRATERA


Romance da Fauna da Cratera
para as crianças de Vargem Grande, na grande São Paulo)
Cordel de Guilherme de Faria


1
A vocês, minhas crianças
Que habitam uma cratera
Depositando esperanças
Nesta nossa Nova Era

2
Vou agora apresentar
Pro povo de Vargem Grande
A fauna deste lugar
Que está por onde se ande

3
E precisa ser notada
E também mais protegida
Pois sendo tesouro de vida
Tem é que ser preservada

4
Mas antes vou perguntar
Se ocês sabem o que é cratera
Que é pergunta elementar
Cujo saber não onera

5
E não precisa ciência
Muito profunda e sutil
Não se trata de essência
Que só passa no funil

6
Basta pensar num pedrão
Vindo de cima, do espaço
E que chegando no chão
Faz um grande estardalhaço

7
Fazendo um buraco imenso
Com a borda escarpada
A área central, como um lenço
Fica meio achatada

8
Depois de alguns anos
Começa a nascer o mato
Depois floresta de fato
E a chegada dos tucanos

9
Vem gavião carijó
E o joão-teneném
Aves que aqui tem
Tiê-preto e socó

10
Rolinha, garça-vaqueira
Corruíra, caracará
Andorinha de coleira
Suirirí e tangará

11
Tesoura, carrapateiro
Trinca-ferro-verdadeiro
Pichororé, bem-te-vi
Pardal e pitiguari

12
Pica-pau-anão-barrado
Pula-pula e matracão
Verdinho coroado
João-porca e tesourão

13
Sabiá-poca, peitica
E sabiá-de-coleira
Pia-cobra, mariquita
E sabiá-laranjeira

14
Cambacica, coleirinho
Anú-preto, enferrujado
Alma-de-gato, patinho
E bem-te-vi-rajado

15
Andorinha serrador
Teque-teque, tico-tico
Pula-pula assoviador
Quero-quero, periquito

16
Eu poderia cantar
Mais passarinhos nas rimas
Algumas que vão ficar
Outras boas pr’as latrinas

17
Mas passo, penalizado
Ao veado-catingueiro
Quase extinto, derradeiro
Como o ratão-do-banhado

18
E termino consternado
E triste como se vê
Para o quase exterminado
Esquilo caxinguelê.

19
Por tudo isso que era
E será a sua herança
Digo a você, criança,
Cuide da sua Cratera!


FIM

07/11/2004

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